AI QUE SAUDADE DO MEU PAI!
Mas não vai pensando que á papo furado só porque o dias dos pais está aí. Não mesmo, sinto saudade dele todos os dias, pois cada dia descubro uma parte dele em mim.
Bom, ele conheceu minha mãe e sou fruto desta união. Minha mãe me deu o melhor pai do mundo e meu pai me deu a melhor mãe do mundo.
Eles também me deram um irmão, que é a cara dele. Tem os mesmos tiques e trejeitos, a maneira de falar, os óculos, etc. Muito parecidos. É uma pessoa maravilhosa graças aos dois, meu pai e minha mãe, que nos educaram muito bem. É muito querido, não faz mal a ninguém, mas adora fazer cara de mal. É um grande amigo e um grande guitarrista. Tem sido muito forte, mais do que eu imaginava que ele poderia ser. Aos poucos está colocando as coisas nos seus devidos lugares.
Herdei o gênio do meu pai. Decidido, genioso e exageraaaaaaaaaaado. Ele dizia que puxei a minha vó, mãe dele, qual não tive o prazer de conhecer. Não me arrependo e gosto muito de ser assim. Ele sempre respeitou este meu jeito e acho que ele também tinha orgulho disso. Nós nos entendíamos muito bem. Ele era bem explosivo, mas esta característica eu não herdei. Ainda bem que minha mãe contribuiu com a sua calma. As vezes consigo manter a calma em situações tão críticas, que nem acredito que consigo fazer isto. É esta calma que me faz não jogar telefones na parede, arremessar coisas longes e destruir embalagens difíceis de abrir.
Ele era uma figura mesmo.
Sempre se mostrou orgulhoso por meu irmão e eu. Nos guiou, mas juntamente com a nossa mãe, sempre nos deixou fazer o que achávamos melhor e decidirmos por nós mesmos o que fazer das nossas vidas. O mais legal é que quando fazíamos alguma merda, que não foram poucas, ele também nos ajudava a resolver.
Ele sempre nos tratou de igual para igual e isto fez toda a diferença. Nada de chamá-lo de SENHOR, era pai mesmo, ou alguns apelidos que não pareciam muito carinhosos, mas eram sim.
Aprendi meus primeiros palavrões com ele. Melhor aprender em casa do que na rua. Huahuahua!
Ele nos ensinou a gostar de rock and roll e hoje sou beatlemaníaca, assim como ele era, graças a nossa convivência. Nada forçado. Puramente natural e verdadeiro. Ele sempre será o meu Beatle preferido. Estou aprendendo a tocar guitarra para poder levar adiante esta paixão que compartilhamos.
 |
| Nós todos no show do Paul |
Brincávamos de lutinha, e o soco comia de igual pra igual. Os famosos "carinhos de português". Sem preconceito com os portugueses, hein. Mas me diz uma coisa, existe alguém que você possa encher de soco sem maiores problemas? Pois é, eu trocava socos com o meu pai. Morram de inveja.
Claro que tivemos algumas desavenças, mas isso faz parte da vida, do aprendizado, enfim. Isto já faz parte do passado, que deve ser lembrado, mas não revivido. Todos erramos, eu errei muitas vezes, ele também. O importante é aprender com os erros e não repeti-los. Bem, meu pai dizia que deveríamos aprender com o erro dos outros também.
Aprendi a dirigir com ele. Ele me deu meu primeiro carro e meu segundo também. "Filha, se tu perceber que estão te seguindo, entra num posto de gasolina e pede ajuda"; "Cuida os motoqueiros"; "Não bebe"; "Não pára no sinal de madrugada"; " Cuida quando for dirigir na chuva, a fulana capotou dirigindo na chuva...". Estes eram alguns dos conselhos que eu ouvia todos os dias ao sair de casa. Também sinto falta disto.
Me incentivou a sair de casa e ir morar com meu queridíssimo Marcelo, qual eu já mencionei em posts anteriores. Ainda me deu a cozinha completa do jeito que queria e o sofá cinza que mostrei no post anterior. Ele fez de tudo para me convencer que era melhor ficar do que ir para Dubai. Pois como ele dizia, "os pintinhos têm que ficar perto da galinha". Então eu decidi não me distanciar tanto assim do ninho e sou muito grata a ele por isso. Esta foi a melhor decisão que eu tomei em toda minha vida.
Adorava coisas novas e sempre fazia questão de usar as roupas que eu o dava. Mesmo que não houvesse nada parecido no guarda roupas dele. E ele aderia ao seu estilo. A camisa xadrez da foto abaixo, não foi eu quem o deu. Acho que ele mesmo comprou, mas a primeira camisa xadrez, foi eu quem o deu.
Queria poder abraçá-lo amanhã, hoje, ontem e sempre. Uma pena isso não ser possível. O que me conforta é o carinho que sempre senti por ele e que creio que ainda posso transmitir a ele. Seja com estas palavras ou com as boas lembranças.
O que me faz sempre pensar nele é que no meu dia-a-dia sempre lembro das famosas frases e gestos dele. Quem não lembra? Tipo: "Dá pra não ir?"; "Eu não vou, mas grava em DVD que eu assisto tudo depois"; ao ouvir o barulho tsiiiii da garrafa de Coca-Cola abrir, gritava de onde estivesse: "Eu quero um pouquinhooooooooo"; sobre o John Lennon, acho melhor não falar o que ele pensava; ele narrava em voz alta tudo o que ele fazia e xingava ele mesmo, falava para os objetos que ele não conseguia arrumar, manusear ou colocar no lugar: "Tu vai voar". E mais um milhão de outras coisas que não caberiam neste post. Ele nos roubava muitas risadas.
PUTO, ONDE QUER QUE ESTEJAS, SAIBA QUE TE AMO MUITO!
Ficamos muito tristes com a sua partida, mas habitarás nossos corações para sempre.
